AUTOR: Dr. Bread Soares Estevam
1. Tema central e objetivo
O artigo analisa as contribuições da obra Um sopro de destruição (Pádua, 2004) para o desenvolvimento da História Ambiental e suas implicações para a Educação Ambiental Crítica (EAC).
O objetivo é demonstrar como a investigação histórica de José Augusto Pádua sobre o pensamento político e a crítica ambiental no Brasil escravista oferece fundamentos teóricos, éticos e pedagógicos para uma educação ambiental que compreenda a crise ecológica como produto histórico, social e político, e não como mero problema técnico.
2. Problematização
A Educação Ambiental Crítica enfrenta o desafio de compreender a origem histórica da degradação ambiental brasileira e suas conexões com a colonização, o escravismo e o modelo agroexportador.
A
obra de Pádua propõe um resgate histórico e conceitual dessa
problemática.
Pergunta central:
De que maneira a leitura historiográfica de Pádua contribui para fortalecer práticas educativas críticas que historicizem, politizem e descolonizem a compreensão da crise ambiental?
3. Fundamentação teórica
José Augusto Pádua (2004): investiga as críticas ambientais no Brasil entre 1786 e 1888, revelando que o pensamento político sobre a destruição da natureza já existia no período escravista.
Educação Ambiental Crítica: fundamentada em Paulo Freire (1996), Enrique Leff (2001), Carlos Frederico Loureiro (2004) e Philippe Layrargues (2014), defende que a educação deve articular história, política e ecologia para promover emancipação e justiça ambiental.
Convergência teórica: ambos os campos — História Ambiental e EAC — reconhecem a crise ambiental como resultado histórico de estruturas de poder, exploração e desigualdade.
4. Contribuições da obra de Pádua para a História Ambiental
Historização da destruição ambiental: a devastação da natureza brasileira tem raízes nas práticas econômicas do período escravista e nas políticas coloniais de exploração.
Crítica ao paradigma do desenvolvimento: Pádua mostra como o pensamento político do século XIX já reconhecia os limites ecológicos da produção baseada em monoculturas e extração intensiva.
Ampliação da temporalidade da crise: ao examinar o período 1786–1888, a obra desloca a noção de “crise ambiental” do presente para uma longa duração histórica.
Diálogo entre ecologia e política: a História Ambiental é entendida como leitura crítica das relações entre poder e natureza.
5. Relações entre a obra e a Educação Ambiental Crítica
A partir de Pádua, a EAC pode:
compreender o ambiente como construção histórica;
identificar as origens sociais e políticas da desigualdade ambiental;
promover a conscientização crítica sobre os padrões de exploração do território e dos corpos;
desenvolver práticas educativas que unam memória, território e cidadania ecológica.
Assim, a obra de Pádua fortalece a EAC como prática de leitura histórica e emancipação social, articulando conhecimento, ética e ação política.
6. Aplicações pedagógicas
A leitura de Um sopro de destruição inspira práticas como:
análises históricas locais, relacionando o período escravista às transformações territoriais atuais;
oficinas de memória ambiental, com registros orais e arquivos históricos;
debates sobre racismo ambiental, conectando a herança escravista à desigualdade ecológica contemporânea;
projetos interdisciplinares que unam História, Geografia, Sociologia e Educação Ambiental.
Essas experiências promovem educação política, crítica e ecológica — conforme a pedagogia freireana do diálogo e da transformação social.
7. Considerações finais
A obra de José Augusto Pádua é fundamental para compreender o enraizamento histórico da crise ambiental brasileira e para consolidar a Educação Ambiental Crítica como campo político e epistemológico.
Ao revelar que já havia pensamento ambiental durante o Brasil escravista, Pádua rompe com a ideia de que a consciência ecológica é fenômeno moderno.
Seu trabalho convida educadores e pesquisadores a repensar os currículos escolares e acadêmicos, incluindo a história da destruição ambiental como tema de formação ética e cidadã.
A Educação Ambiental Crítica, ao dialogar com a História Ambiental de Pádua, se reafirma como prática de resistência, memória e esperança.
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*Mestre e Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental (Área: Educação; Grande Área: Ciências Humanas) da Universidade Federal do Rio Grande; Especialista em Educação Ambiental; Licenciado em Pedagogia; Bacharel e Licenciado em História; Tecnólogo em Educação Social; Estudante do curso de Especialização Latu Sensu em Educação Especial e Inclusiva na Uninter | Historiador com registro profissional no Ministério da Economia; Pedagogo com inscrição no Conselho Federal de Educadores e Pedagogos; Pesquisador de temáticas transversais relacionadas à Educação Ambiental (Área: Educação; Grande Área: Ciências Humanas).
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