AUTOR: Dr. Bread Soares Estevam
1. Tema central e objetivo
O artigo analisa a relevância da obra A ferro e fogo (1996), de Warren Dean, como marco na consolidação da História Ambiental no Brasil e como referência teórica e metodológica para a Educação Ambiental Crítica (EAC).
O objetivo é demonstrar como a leitura histórica da devastação da Mata Atlântica — articulada às dimensões econômicas, políticas e culturais — pode subsidiar práticas pedagógicas críticas voltadas à formação de sujeitos ecológicos, conscientes e transformadores.
2. Problematização
A devastação ambiental no Brasil é frequentemente tratada de modo técnico ou moralista, desvinculada de suas causas históricas e estruturais.
A pergunta central do artigo é: De que maneira a análise historiográfica de Warren Dean contribui para o fortalecimento da Educação Ambiental Crítica, ao revelar a natureza política, econômica e civilizatória da crise ecológica?
3. Fundamentação teórica
Warren Dean (1996): interpreta a destruição da Mata Atlântica como processo histórico, vinculado ao colonialismo e ao avanço do capitalismo sobre o território.
Educação Ambiental Crítica: fundamentada em Paulo Freire, Enrique Leff, Carlos Loureiro e Philippe Layrargues, compreende a crise ambiental como expressão de injustiças sociais e ecológicas.
Convergência: ambas as perspectivas defendem a superação da racionalidade moderna e a construção de uma racionalidade ambiental crítica e emancipatória.
4. Contribuições de Warren Dean para a História Ambiental
Dean introduz uma abordagem interdisciplinar e estrutural, articulando:
economia, ecologia e cultura;
temporalidades longas (do período colonial ao século XX);
múltiplos agentes históricos (Estado, elites econômicas, trabalhadores e comunidades locais).
Sua obra mostra que a devastação da Mata Atlântica é resultado de decisões políticas e econômicas, e não de um destino natural.
5. Relação entre História Ambiental e Educação Ambiental Crítica
A EAC encontra na História Ambiental de Dean um referencial analítico e ético que possibilita:
historicizar a crise ecológica;
politizar a discussão ambiental;
problematizar a responsabilidade coletiva na transformação do território. Assim, a Educação Ambiental deixa de ser apenas conservacionista e passa a ser formadora de consciência crítica e cidadania ecológica.
6. Contribuições pedagógicas da obra de Dean
A leitura de A ferro e fogo pode inspirar práticas educativas concretas:
Estudos do meio e projetos territoriais, relacionando história local e ecologia;
Oficinas de memória ambiental, articulando saberes comunitários e acadêmicos;
Mapeamentos socioambientais e reconstruções históricas da paisagem;
Projetos interdisciplinares envolvendo História, Geografia e Ciências.
Essas práticas promovem uma educação para a memória, a justiça ambiental e o pertencimento.
7. Considerações finais
A obra de Warren Dean é fundamental para a compreensão crítica da crise ambiental brasileira e para o fortalecimento da Educação Ambiental Crítica como campo político e epistemológico.
Ao historicizar a destruição da Mata Atlântica, Dean fornece instrumentos para repensar as práticas educativas, promovendo consciência ecológica, ação coletiva e transformação social.
Defende-se, portanto, a incorporação da obra à formação de professores e aos currículos de História e Educação Ambiental.
Acesse o texto completo no link a seguir: Texto Completo
*Mestre e Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental (Área: Educação; Grande Área: Ciências Humanas) da Universidade Federal do Rio Grande; Especialista em Educação Ambiental; Licenciado em Pedagogia; Bacharel e Licenciado em História; Tecnólogo em Educação Social; Estudante do curso de Especialização Latu Sensu em Educação Especial e Inclusiva na Uninter | Historiador com registro profissional no Ministério da Economia; Pedagogo com inscrição no Conselho Federal de Educadores e Pedagogos; Pesquisador de temáticas transversais relacionadas à Educação Ambiental (Área: Educação; Grande Área: Ciências Humanas).
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