AUTOR: Dr. Bread Soares Estevam
1. Tema central e objetivo
O artigo analisa como a Educação Ambiental Crítica (EAC) pode contribuir para o fortalecimento das práticas pedagógicas da Educação Quilombola, promovendo uma leitura de mundo pautada na ancestralidade, territorialidade e justiça ambiental.
O objetivo é evidenciar a EAC como ferramenta política e epistemológica de resistência ao racismo ambiental e de valorização dos saberes afro-brasileiros.
2. Problematização
As escolas quilombolas enfrentam o desafio de conciliar a preservação de suas identidades e saberes tradicionais com as imposições do currículo oficial, ainda eurocentrado e descolado da realidade comunitária.
Pergunta central: Como a Educação Ambiental Crítica pode potencializar práticas pedagógicas emancipadoras na Educação Quilombola, articulando justiça ambiental, social e epistêmica?
3. Fundamentos teóricos
Educação Ambiental Crítica: inspirada em Paulo Freire, Enrique Leff, Loureiro e Layrargues, propõe uma formação política, ética e ecológica que questiona o capitalismo e a racionalidade moderna.
Educação Quilombola: fundamentada em Nilma Lino Gomes, Kabengele Munanga e Boaventura de Sousa Santos, valoriza a ancestralidade, o território e a luta por reconhecimento e reparação histórica.
Convergência teórica: ambas as vertentes partilham um mesmo horizonte emancipatório e decolonial — o da libertação dos sujeitos e da reconstrução das relações entre humanidade e natureza.
4. Racismo ambiental e invisibilização dos saberes quilombolas
O conceito de racismo ambiental (Bullard, Acselrad) é central para compreender a desigualdade ecológica no Brasil.
As comunidades quilombolas são atingidas por projetos que ameaçam seus territórios e modos de vida, enquanto seus saberes são historicamente marginalizados.
A EAC oferece instrumentos pedagógicos para visibilizar esses saberes e denunciar as injustiças ambientais que os atravessam.
5. A EAC como mediação pedagógica na Educação Quilombola
A EAC propõe um diálogo entre saberes ambientais e saberes ancestrais, favorecendo:
o protagonismo comunitário na gestão do território;
o uso do ambiente como espaço educativo;
a prática pedagógica baseada na oralidade, na memória e na coletividade.
Trata-se de uma educação que não impõe saberes, mas reconstrói o conhecimento com a comunidade.
6. Práticas pedagógicas emancipatórias
Exemplos de práticas possíveis:
oficinas de memória e oralidade ambiental;
educação agroecológica comunitária;
integração entre currículo escolar e tradições culturais locais;
diálogo intergeracional entre mestres de saberes e estudantes.
Essas ações transformam o ensino em experiência de reexistência e reafirmação identitária.
7. Conclusão
A Educação Ambiental Crítica e a Educação Quilombola convergem na defesa da justiça ambiental e social.
Ao articular pensamento crítico e ancestralidade, a EAC fortalece a Educação Quilombola como projeto político de libertação e educação para a vida.
Defende-se a incorporação da EAC nos currículos quilombolas como prática pedagógica decolonial, que rompe com o epistemicídio e constrói caminhos de resistência, solidariedade e esperança.
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*Mestre e Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental (Área: Educação; Grande Área: Ciências Humanas) da Universidade Federal do Rio Grande; Especialista em Educação Ambiental; Licenciado em Pedagogia; Bacharel e Licenciado em História; Tecnólogo em Educação Social; Estudante do curso de Especialização Latu Sensu em Educação Especial e Inclusiva na Uninter | Historiador com registro profissional no Ministério da Economia; Pedagogo com inscrição no Conselho Federal de Educadores e Pedagogos; Pesquisador de temáticas transversais relacionadas à Educação Ambiental (Área: Educação; Grande Área: Ciências Humanas).
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